Autor: Rodrigo Coura de Castro Leite
Belo Horizonte, 31 de outubro de 2022
Não podemos tratar da temática sobre Responsabilidade, se não abordarmos, desde já, a questão inversa e seus reflexos na sociedade. Segundo Pires, Mourão, Oliveira e Oliveira (2019), autoras do artigo: (Ir)responsabilidade social empresarial: uma avaliação do desastre de Mariana-MG, o tema “Irresponsabilidade Social Empresarial” ganhou ênfase e visibilidade nos canais de comunicação, a partir de 2015, principalmente, com o desastre causado pela Samarco Mineração S.A, empresa controlada pela companha brasileira Vale S.A. e pela BHP Billiton, empresa Anglo-australiana.
As autoras definem o termo “ato socialmente irresponsável”, como sendo aquele que gera um ganho específico para “uma das partes” em função de um “sistema”. Muitos estudiosos da área consideram esta definição como sendo a primeira, sobre a temática. Conforme as autoras, no entanto, para que determinada ação institucional seja caracterizada como responsável ou irresponsável, devem ser analisadas uma gama de variantes culturais.
Costa e Borin (2018), defendem que a Responsabilidade Social Empresarial está diretamente relacionada à trajetória cultural de uma sociedade e à a cultura das suas relações. Conforme os autores, a partir das ultimas décadas do século passado, novos “laços” foram firmados entre setores público e privado, como os relacionadas aos processos de privatizações – quando empresas privadas aproximavam-se do Estado para facilidades e vantagens competitivas, além de financiamentos e, por outro lado, diretrizes estatais eram apoiadas e campanhas políticas financiadas pelo setor privado.
No entanto, de acordo com Silvério (2004), ao considerarmos a Responsabilidade Social, tanto como uma obrigação legal, quanto como um comportamento ético, estamos nos referindo às medidas de sustentabilidade da instituição que, ao vislumbrar maior lucratividade e produtividade – a longo prazo – passam a adotar projetos e ações que preocupam-se com os impactos sociais e ambientais de suas atividades, contribuindo beneficamente para a melhoria da qualidade de vida da coletividade.
Conforme Pereira e Conceição (2017), no artigo Proteção Social e Território: o território como ponto de partida da política de assistência social, analisam o Território a partir da sua utilização pelo cidadão ativo, dando vida à cidadania, como ´[…] chão concreto das políticas, a raiz dos números e a realidade da vida coletiva.” Sendo assim, o comportamento empresarial ético e responsável que espera-se das instituições, conforme Silvério (2004), é o compromisso pela transparência das ações e das relações com seus diversos públicos, como: Estado, clientes, fornecedores, órgãos fiscalizatórios, associações, comunidades entre outros.
Costa e Borin (2018), finalizam esta publicação, em defesa de que, ao aprender sobre ser “honesto, solidário e cooperativo” , gera-se vantagens, tanto para o indivíduo como para a coletividade. De acordo com as autoras,
“[…] todo este movimento contra a corrupção no Brasil deu uma esperança de que as instituições possam mudar. […] espera-se que a crise política e econômica sirva de lição para todos: cidadãos inconscientes, governantes corruptos e empresas irresponsáveis.”
Referências Bibliográficas
– COSTA, Maria Alice Nunes e BORIN, Elaine. A (IR)responsabilidade social corporativa no Brasil: Empresas, Poder e Laços Entrelaçados. Revista Polêmica. V.18, n. 1, p. 126-148, janeiro, fevereiro e março 2018.
– PEREIRA, Isadora de S. Modesto e CONCEIÇÃO, Tatiana Figueiredo Ferreira. Proteção social e território: o território como ponto de partida da política de assistência social. II Congresso Internacional de Política Social e Serviço Social: desafios contemporâneos; III Seminário Nacional de Território e Gestão de Políticas Públicas e II Congresso de Direito à Cidade e Justiça Ambiental. Londrina/PR, 04-07 de jul. de 2017.
– PIRES, Miriam Albert; MOURÃO, Luciana; OLIVEIRA, Fátima Bayma de e OLIVEIRA, Jose Antônio Puppim de. (Ir)responsabilidade social empresarial: uma avaliação do desastre de Mariana-MG. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro 54(5); 1188-1206, set-out. 2020.
– SILVÉRIO, Alexandre Vieira. Responsabilidade social: Uma estratégia de construção e fortalecimento de imagem corporativa e de marcas. Faculdade de Valinhos. Anuário. 2004.